Palácio do Trabalhador

  • Palácio
  • 1949
  • Maceió
  • Alagoas
  • Tombado
  • Bem cuidado

Descrição

A iniciativa de construir o primeiro edifício do país a receber vários sindicatos de um mesmo Estado partiu do interventor federal Ismar de Góis Monteiro, que governou Alagoas de 19 de fevereiro de 1941 a 10 de novembro de 1945.

A notícia esteve nos principais jornais do Brasil a partir de fevereiro de 1945, quando foi anunciada a elaboração de sua planta.

O Palácio permaneceu como projeto até outubro de 1949, quando a Câmara Municipal de Maceió aprovou a doação de vários imóveis do município para que se desse início à obra.

Antes, em julho, o governador tinha aberto uma campanha de donativos para financiar a construção. Sua contribuição foi de 50 mil cruzeiros. Igual quantia ofertou a Empresa de Fiação e Tecelagem Othon Bezerra de Mello.

No dia 10 de novembro de 1949, o governador Silvestre Péricles assinou o contrato com a firma A. B. Conrado, que concluiu a construção em setembro do ano seguinte, quando foi inaugurado por Silvestre e Muniz Falcão, então delegado do Trabalho em Alagoas. O projeto foi do arquiteto Saint’Yves Simon.

A iniciativa fazia parte da política trabalhista de Getúlio Vargas. Em sua homenagem, foi erguido no local o único busto do ex-presidente em Alagoas.

Em abril de 1951, o prédio esteve ameaçado de desabamento após ser invadido pelas águas das fortes chuvas que inundaram parte de Maceió, principalmente a Levada. Vários municípios alagoanos também sofreram com as enchentes.

Por sua importância, o Palácio foi transformado em peça da campanha de Muniz Falcão, que em 3 de outubro de 1950 foi eleito deputado federal pelo PST com 3.894 votos.

Em depoimento para os Diários Associados em 1957, Muniz Falcão prestou contas do seu mandato e citou este edifício como de sua iniciativa: “Por último, criei o Palácio do Trabalhador, obra inédita no país, destinada a aglutinar todos os sindicatos obreiros de Alagoas, que, assim, intensificando seus contatos, poderiam melhor praticar o ideário trabalhista e consolidar o movimento sindical que espreitava uma oportunidade para se afirmar, também, naquela unidade nordestina”.

Após as eleições de 3 de outubro de 1955, o candidato eleito, Juscelino Kubistchek, passou a ter a sua posse ameaçada por setores conservadores que viam em JK uma ameaça aos seus interesses. Houve mobilização nacional para barrar o golpe. A legalidade foi garantida graças ao movimento liderado pelo general Teixeira Lott.

Em Maceió, no dia 15 de outubro daquele ano, um comício de trabalhadores ocupou toda a área no entorno do Palácio dos Trabalhadores. A mobilização foi liderada pela Câmara Municipal de Maceió.

Palácio do Trabalhador e o busto de Getúlio Vargas em julho de 2019. Foto de Joel Morais

Os oradores acusavam o “imperialismo ianque” como mentor da tentativa de golpe. Reivindicavam ainda a volta dos bondes a Maceió e protestavam contra a encampação da Companhia de Força e Luz Nordeste do Brasil pela norte-americana Electric Bond & Share.

Outro acontecimento diretamente ligado ao Palácio do Trabalhador foi a comemoração do 1° de Maio de 1956, quando “pela primeira vez, nesta capital, […] foi comemorado com faixas e cartazes alusivos às reivindicações operárias, juvenis e populares”, registrou o jornal Imprensa Popular de 18 de maio daquele ano.

Segundo o jornal, as reivindicações eram: congelamento imediato de preços, aumento do salário mínimo e principalmente a concessão imediata de anistia aos processados e perseguidos políticos desde 1945.

Além de ser local para reuniões, o Palácio do Trabalhador, na Avenida Moreira Lima, nº 629, tinha também o objetivo assistencial, oferecendo serviços médicos, odontológicos e assessoria jurídica para os trabalhadores dos mais de 30 sindicatos ali sediados.

Os recursos federais para a instalação destes serviços somente começaram a chegar após a aprovação, em julho de 1951, do Projeto nº 215, que destinou a estes serviços, pelo Fundo Social Sindical, a verba anual de Cr$ 100.000,00.

Quem administrava o prédio e os serviços era a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alagoas, órgão ligado à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria.

Por muitos anos, o local foi palco de assembleias e reuniões de trabalhadores, como o histórico II Congresso dos Trabalhadores de Alagoas realizado em outubro de 1959. Chegou a receber sedes de mais de 30 sindicatos.

Após o golpe civil-militar de 1964, o controle sobre os sindicatos retirou do Palácio do Trabalhador o seu papel aglutinador das reivindicações dos seus associados.

Em 1969, o prédio passou por uma grande reforma. Há registros de que esses investimentos foram inaugurados em 4 de outubro de daquele ano, com a presença do governador Lamenha Filho, que ganhou um retrato no local; do presidente do INPS, Luís Torres; e do ministro do Trabalho, coronel Jarbas Passarinho.

Nos últimos anos somente meia dúzia de sindicatos permanecem no local e o prédio, sem maiores manutenções, sofre o desgaste do tempo, além do cerco promovido pelo comércio ambulante.

Por lá ainda estão os sindicatos dos Vendedores Varejistas e Feirantes, dos Gráficos, dos Aposentados, dos Trabalhadores nas Indústrias de Óleo Vegetal, da Companhia de Administração, Recursos Humanos e Patrimônio da Prefeitura de Maceió (Comarp), dos Aposentados e a representação da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Refeição.

O imóvel pertence hoje à Fundação Palácio do Trabalhador Alagoano e em 28 de dezembro de 1998 foi tombado por seu valor como símbolo de uma época de intensas atividades políticas. O Decreto Estadual nº 37.934 de 28 de dezembro de 1998 e a Resolução nº001/002 permitem que a entidade mantenedora consiga patrocínio para a manutenção do prédio.

  • Processo 1744/98.
  • Jurisdição Estadual
  • Proprietário: Fundação Palácio do Trabalhador Alagoano.
  • Ato administrativo Nº 37.934 de 28/12/98 - Resolução nº001/002
  • Livro de tombo Livro de Tombo nº 2 - Edifícios e Monumentos Isolados.

what3words

///olhada.embalo.confie

Comentários

Submit a Review

Send reply to a review

Clique no botão acima para enviar uma mensagem ou reclamação, solicitando reparos ou correções no local. Sua mensagem será encaminhada ao órgão responsável.

Send listing report

This is private and won't be shared with the owner.

Your report sucessfully send

Appointments

 

 / 

Sign in

Send Message

My favorites

Application Form

Claim Business

Share