Cine Belas Artes

Descrição

Inaugurado em 14/07/1967, o Cine Belas Artes é o legítimo representante daquilo que comumente se atribuiu chamar “Cinema de Arte”. Idealizado pela Companhia Serrador e pelo cineasta Dante Ancona Lopes, o primeiro filme a ser exibido foi “Os Russos Estão Chegando”, num momento em que a Guerra Fria vivia seu maior expoente no Brasil sob a Ditadura Civil-Militar. Foi no Belas Artes que nasceu a Sociedade de Amigos da Cinemateca, e portanto, onde foi gestada a Cinemateca Brasileira. Foi e é também influência para todo o circuito de cinema de arte do estado de São Paulo.
Sempre mantendo seu papel de vanguarda na exibição, o Cine Belas Artes resistiu às novas e modernas salas de cinema alocadas dentro de Shopping Centers, focando na diversidade de títulos e na diferenciada forma de exibição com programações que duravam toda a noite (conhecidos como Noitões, dedicados a temas selecionados, onde três filmes são exibidos na mesma noite, com direito à café na manhã seguinte).
Instalado num edifício Moderno, projetado e construído pelo arquiteto italiano Giancarlo Palanti entre 1952 e 1954, em conjunto com os edifícios Chipre e Gibraltar, cuja entrada se faz pela Av. Paulista, naquele momento esquina emergente da capital paulista. Nascido para ser o Cine Trianon, a sala possuia originalmente 1200 lugares, e sua implantação conferia independência total no funcionamento e uso entre as torres residenciais e o cinema, algo inovador quando comparado àquelas dinâmicas aplicadas em outras salas de cinema que compartilhavam edifícios residenciais. Sua característica mais marcante é justamente a relação do Chipre e Gibraltar e Cine Trianon com o urbano, o diálogo com a paisagem com a qual se compõem. Destaque para a entrada, marcada exteriormente através de marquises, escadas, como que uma escavação no corpo do edifício com o intuito de assinalar a transição entre o espaço da rua, externo, e o interior.

O tombamento do Cine Belas Artes é um exemplo de articulação entre as políticas de preservação – contemplada pelo tombamento – e políticas públicas de cultura – com a intervenção da Prefeitura de São Paulo para possibilitar seu uso como difusor de cultural e polo de articulação da agência SP Cine e o patrocínio do banco estatal Caixa Econômica Federal.