Centro Cultural Joaquim Correia
Descrição
Essa investigação histórica focaliza o Grupo Escolar Joaquim Correia localizado no município de Pau dos Ferros, atentando para a história e a memória dessa instituição. Os fragmentos de memória, as sensibilidades, os guardados materiais como cadernos escolares, livros e manuais didáticos, fotografias e outros elementos serão vestígios à nossa investigação que se alicerça metodologicamente nas formulações teóricas de João Barroso (2004) acerca de cultura escolar e de cultura de escola, por considerar as interrelações entre organização societária, escola e escolarização. De forma específica, nesse trabalho perscrutamos fragmentos de história e memória na produção historiográfica local, notadamente Fernandes (2007) e Barreto (1987).
Cada escola possui um conjunto de fatores organizacionais e processos sociais específicos que relativizam a cultura escolar. Assim, a cultura da escola é a expressão da maleabilidade organizativa que resulta do jogo dos atores na definição das suas estratégias e sistemas de ação concreta. (BARROSO, 2004). Desta maneira, pode-se dizer que a cultura escolar e a cultura de escola envolvem um entendimento amplo de cultura, mas de forma estrita voltada às culturas de grupo e do cotidiano. Sendo assim, é necessário analisar que redes institucionais circunscrevem e que relações de poder recortam, delimitam e caracterizam os lugares institucionais e as memórias educacionais.
Pela perspectiva da história cultural emergem novos objetos no seio das questões históricas. Dentre estes as instituições escolares, as práticas pedagógicas e as modalidades de funcionamento escolar. Nessa perspectiva, a escola é entendida enquanto produto de práticas educacionais e sociais e, deste modo, ela torna-se dentro da perspectiva da história cultural objeto de investigação. (CHARTIER, 1990, p. 78).
Nesse campo de história cultural, objetos, temas e problemas de pesquisa são analisados por interpretações diferenciadas no que concerne ao entendimento de cultura escolar e cultura de escola. O historiador português João Barroso (2004) ensaia uma distinção entre cultura escolar e cultura de escola.
[…]
A historiografia local relaciona a construção do prédio, ainda hoje soerguido e acolhendo, atualmente, o Centro Cultural Joaquim Correia, a iniciativa de Joaquim José Correia que viria a ser o patrono desse Grupo Escolar. (FERNANDES, 2002).
Segundo Fernandes (2002, p. 95) a construção do Grupo Escolar, iniciada em 1908, deu-se “[…] de acordo com as exigências da higiene e da pedagogia […]” sendo amplo, sólido e confortável. Em 25 de janeiro de 1911, o referido grupo foi inaugurado “[…] entre as mais vivas demonstrações de regozijo e de entusiasmo.” (BARRETO, 1987).
Participaram da solene inauguração Anfilóquio Câmara, inspetor de ensino, representante do então Governador do Estado Alberto Maranhão, Joaquim Correia como patrono e chefe político de Pau dos Ferros, autoridades civis e religiosas.
O Grupo Escolar Joaquim Correia iniciou suas atividades ofertando o ensino elementar masculino e o feminino, contando com os seguintes professores: Orlando Correia, Idalina Curjão. Como diretor do referido grupo estava Orlando Correia, filho de Joaquim Correia e diplomado em Direito.
Em setembro do mesmo ano foi instalado o ensino infantil misto, tendo como professora Maria Luiza de Lavor Aires, futura esposa de Orlando Correia. Idalina Curjão e Maria Luiza provinham do Estado do Ceará e tinham formação na Escola Normal de Fortaleza. O ensino infantil misto deixou de ser ofertado em 1915 e, o Grupo Escolar passou para o regime de escolas isoladas até a década de 1930, quando é implantado a Escola Noturna (1936) e o Curso Complementar (1937). (FERNANDES, 2002).
Esse Grupo Escolar estabelecia com a cidade uma íntima relação, pois acolhia as crianças e jovens pauferrenses para uma formação pautada nos saberes do ler, escrever e bem contar. Para tanto, a arquitetura do prédio contava com quatro salas amplas e arejadas e um conjunto de mobílias como carteiras, birôs e quadros-negros. Anos mais tarde, em 1938, seria instalada uma biblioteca que continha 800 volumes doados pelo Instituto Nacional do Livro.
Fonte: Olivia de Medeiros Neta.
Localização
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