Chalé de Ferro da Antiga Residência de Eugênio da Silva Gaspar
Descrição
O antigo Chalé de Ferro da Avenida Almirante Barroso onde funcionou a Imprensa Oficial do Estado até 1985, de pré-fabricação metálica e de produção européia representava um momento de influência estrangeira no Estado e no país, e marco singular na arquitetura brasileira, pois, constitui-se um dos três únicos exemplares de arquitetura residencial pré-fabricada e importada no país.
Os três chalés – o da Imprensa Oficial, o da Generalíssimo Deodoro onde funcionou o Instituto Brasileiro do Café e posteriormente o Instituto Hidroterápico, e o do falecido senador Álvaro Adolfo da Silveira, localizado na Avenida Almirante Barroso onde também funcionou a sede do Clube Monte Líbano, todos da mesma origem foram produzidos por Walter Mc Farlane e suas instalações nesta capital datam do final do século XIX.
No fin-de-siècle, a Amazônia vivia o boom da borracha e Belém necessitava de construções imediatas, objetivas. Entretanto, o Brasil passava por uma época de transição política e ressentia-se de técnica e mão-de-obra especializadas em construção civil. Então absorvia os inventos e padrões utilizados na Europa e E.U.A., criados durante a Revolução industrial. Fez, portanto, a opção pelas estruturas em módulos de ferro. Esses imóveis, escolhidos através de catálogos, eram importados e aqui instalados em tempo recorde.
Os três chalés possuem, no contexto geral, as mesmas características. O modelo da Imprensa Oficial é o que apresentava, entre os três citados, as linhas arquitetônicas mais simples e menos rebuscadas, contrariando, inclusive, os padrões art-noveau muito em vigor na época. Entretanto, afora análises de estética arquitetônica, estes prédios representavam as primeiras construções pré-fabricadas bem sucedidas, com durabilidade comprovada.
Os chalés foram instalados para servirem de habitação a técnicos e engenheiros de determinadas empresas inglesas. O da Imprensa Oficial situava-se bem afastado do centro da cidade, à Estrada de Ferro de Bragança, depois Tito Franco e hoje Av. Almirante Barroso, no Marco da Légua, atual Bairro do Marco. Depois de moradia serviu como instalação provisória da polícia Militar, em 1932. Foi em seguida abandonado e, em 1946, instalouse ali o Departamento de Estradas de Rodagem que lá permaneceu até 1957.
Finalmente o chalé foi doado à Imprensa Oficial do Estado e, em 1964, este órgão público ali se instalou até 1985. E, posteriormente tombado e doado à Prefeitura de Belém para ser remontado no campus da UFPa. Inicialmente, como residência, obedecia ao costume inglês, por sua localização distante do centro da cidade, o que combinava muito bem com o bucolismo nortista refletido em sua frente avarandada.
Assemelhava-se, assim, a uma “rocinha”. E o que reforçava mais ainda este aspecto era o seu imenso jardim de árvores frondosas, geralmente frutíferas, da Amazônia, que proporcionavam boa sombra sobre os largos gramados ao gosto de seus moradores estrangeiros.