Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do Instituto Gentil Bittencourt

  • Conjunto
  • 1906
  • Belém
  • Pará
  • Tombado
  • Bem cuidado

Descrição

Bela instituição, majestoso edifício, brilhante legado, caprichosa instalação, belo palácio, são, entre tantos outros, os elogios dedicados à beleza arquitetônica do Instituto Gentil Bittencourt, a merecer destaque nos relatórios do governo, nas revistas de ensino, nos periódicos locais. E representava para a cidade um sinal da modernidade, compatível com o projeto de Montenegro e de Antonio Lemos, de embelezamento do espaço urbano de Belém.
A edificação é realmente suntuosa, ocupando uma área de 3.940 metros quadrados, em forma de “E”, com vistosa fachada, escadaria em mármore de Carrara e um grande jardim em frente. Na entrada principal, que se abre para um terraço, há uma portaria, a sala de recepção, a secretaria, a capela e uma sala de costura. Possui duas alas laterais com dois pavimentos, cujo pé direito mede de 6,30 a sete metros de altura, e um porão que serve de base para o prédio. Nas alas do térreo encontram-se amplas instalações, com grandes salas de aula, refeitório, enfermaria, farmácia, compartimento com mais de trinta banheiros, salas de banho comum, banho quente e com duchas, cômodos para latrinas e sentinas, salão de rouparia e cômodo para roupas, pátios para recreação, lavanderia, despensa, copa e cozinha, uma sala de refeições das freiras e, nos fundos do terreno, a horta.
O segundo pavimento do prédio também possui duas alas, e nelas ficavam o quarto das freiras, quatro pequenos cômodos, duas privadas, quatro amplos e ventilados dormitórios para as educandas e 92 lavatórios.
Todas as alas têm comunicação entre si e com o prédio principal através de galerias, e com os pátios, através de escadas.

No acabamento do prédio, destaque para alguns materiais empregados, como o mármore da capela e das escadarias; os mosaicos e azulejos dos banheiros, cozinha, refeitório e galerias; e o assoalho de madeiras nobres da Amazônia nos pisos das salas.
Alguns desses materiais foram importados da Europa e dos Estados Unidos da América, porém boa parte da mobília foi fornecida pelo Instituto Lauro Sodré.
Os cuidados com a higienização do prédio incluíam o fornecimento de água de boa qualidade, além da instalação de filtros, lavabos, banheiros, latrinas com sifão e tratamento de esgotos.
A preocupação com o problema da higiene, tão criticado nos espaços anteriores do colégio, e os amplos e numerosos espaços construídos parecem revelar a materialização da ideia republicana, configurada num projeto civilizatório de sociedade, no qual a higienização era uma das suas formas mais expressivas.

De modo geral e de outro ponto de vista, poderíamos dizer que a estrutura do prédio estava adequada a uma arquitetura panóptica, com corredores largos, muitas janelas e escadas que, no conjunto, dão visibilidade para as atividades de outros andares e para a área de recreação, permitindo às irmãs observar o que acontecia. O espaço propiciava a vigilância e o controle feito por elas em relação a cada atividade das meninas. Ou seja, isso a que
Foucault chamou de panoptismo, com base nas ideias de Jeremy Bentham, como a possibilidade de observação total das atividades do observado, fazia parte do projeto realizado. E obedecia ao modelo que várias instituições irão adotar por todo o Brasil, nas quais o olhar vigilante garante a ordem.

No Brasil republicano, as instituições para a infância desvalida gradativamente ganham também outros significados, além de referências de espaços, de cuidado e acolhimento, e se fortalecem e se organizam como instituições educacionais. Percebe-se isso, inclusive, para além da atenção dada ao prédio e instalação de objetos e mobília, nas expressões simbólicas como as que encontramos no colégio. É o caso de uma lápide comemorativa feita em mármore, na entrada principal, que conta de forma sintetizada a história do instituto, relatando datas e fatos importantes, desde sua criação em 1804 até a inauguração do novo prédio em 1906. E é o caso também do monumento em mármore no jardim à entrada, simbolizando a educação vista como caridade, salvação e futuro das crianças e remédio para todos os males, cujo significado é assim descrito por Vianna:

Sobre um embasamento arquitetural que se apóia em três degraus e que surge entre flores e folhagens, vê-se uma formosa mulher – a instrução pública – indicando a uma criança do povo o Instituto Gentil Bittencourt, onde lhe reservam educação e amparo. O aspecto da criança é de sofrimento e indigência: ela se arrima à grande imagem tutelar, símbolo de toda a civilização humana, como para invocar nesse abandono a graça do seu magnânimo e carinhoso acolhimento. Sôbre os degraus e perto das flôres, no plano mesmo do terreno, duas educandas, com as vestimentas próprias e regulamentares, juvenis e álacres, levam uma coroa de flores e louros como tributo de seu agradecimento pela educação recebida.

  • Tombado em 1982
  • Jurisdição Estadual

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